Mensagem do Papa apela às práticas do jejum e da esmola para superar egoísmos
Bento XVI apelou hoje aos cristãos de todo o mundo para que resistam à “idolatria dos bens”, aproveitando o próximo período da Quaresma para desenvolver a sua “capacidade de partilha”.
“A avidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha”.
O documento intitula-se «Sepultados com Cristo no Baptismo, também com Ele fostes ressuscitados», frase retirada da carta escrita pelo Apóstolo Paulo à comunidade de Colossos, na actual Turquia (século I).
Segundo Bento XVI, “a idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida”.
Aos cristãos, acrescenta, compete “libertar” o coração “das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a «terra»”, procurando “estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo”.
A Quaresma, que este ano se inicia a 9 de Março, com a celebração das cinzas, é um período de preparação para a Páscoa, maior festa do calendário dos católicos, com a duração de 40 dias, marcados pelo jejum, o apelo à partilha e à penitência.
O Papa sublinha que este período oferece “um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã”.
“Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo”.
Quanto ao jejum, Bento XVI afirma que a prática “adquire para o cristão um significado profundamente religioso”.
“Tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos”.
Nesse sentido, diz o Papa, “para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo”.
“Sem a perspectiva da eternidade e da transcendência, ele (o tempo, ndr) cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro”.
“Mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Baptismo”, conclui o Papa.
Fonte: Ecclesia
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