Informações diversas e actuais de interesse a respeito da paróquia de LAGEOSA DO MONDEGO - Celorico da Beira, distrito da Guarda

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Ser Padre segundo Jesus Cristo

No prefácio, o Bispo da Guarda escreve: “Estamos perante um texto vivencial, onde é vertida uma experiência sacerdotal, lida e avaliada a partir da Bíblia. Não tem outras citações que não sejam citações bíblicas e do Magistério da Igreja”.

D. Manuel Felício adianta: “É um texto que sintoniza também com as preocupações da Diocese da Guarda para o ano pastoral em curso, as quais pretendem levar as pessoas até ao encontro vivo com Cristo, por meio da Bíblia. Remeto, a propósito, para o que se diz, neste texto, sob o título «Testemunhas de Cristo Ressuscitado», sobre a genuína missão da Igreja que deve sempre levar as pessoas a um encontro pessoal com Cristo vivo e, ao mesmo tempo, ajudá-las a viver, no quotidiano, em consonância com essa fé”.

sábado, dezembro 18, 2010

Quando for grande quero ser padre


Este não é, como o título poderia sugerir, um livro de pastoral vocacional. Também não fala daquele meu sonho de criança que realizei com a minha ordenação sacerdotal.

Neste pequeno livro partilho reflexões e meditações que fiz sobre a vocação e missão do sacerdote, a sua identificação com Cristo e o ser padre segundo o coração de Deus. Nelas aprofundo e questiono, de um modo suave e sem tensões, o meu ser padre e também o ser padre na Igreja.

Por outras palavras, neste livro partilho o sonho de ser padre segundo Jesus Cristo, o sonho que anima o hoje da minha vida sacerdotal. Este é, em si mesmo, um sonho inacabado, um sonho para toda a vida. Na verdade, há sempre um mais no mistério da vida e da missão de Jesus que nos ultrapassa e para o qual devemos tender sem cessar. Há sempre um mais, algo de novo e surpreendente no convite de Jesus: “vinde e vereis” (Jo 1,39); há sempre um mais, algo de novo e fascinante no seu desafio: “faz-te ao largo” (Lc 5,4). É este mais que me impele a lançar as mãos ao arado e olhar sempre em frente (Lc 9,62), a acreditar no futuro e a ser homem de esperança.

Como todos os sonhos, também este meu sonho de ser padre comporta uma acentuada dose de loucura. E mau sinal será para mim que os leitores não encontrem sinais dela neste livro. O sonho, a liberdade e a loucura são realidades indissociáveis. O sonho potencializa a nossa liberdade e o exercício desta liberdade é visto como loucura por aqueles que não conhecem a liberdade de sonhar.

Eu chego a pensar que esta loucura é um dom de Deus. E porque sinto a grandeza que me dá, o que mais temo é que, por minha culpa, a possa perder. Sim, se perder esta loucura, é sinal que morreu o meu sonho e, com ele, perdi a minha liberdade.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

«Quando for grande eu quero ser padre»

No dia 17 de Dezembro, na Biblioteca Eduardo Lourenço, na Guarda, será apresentado do livro «Quando for grande quero ser padre» do Padre José Manuel Almeida Martins.

No prefácio, o Bispo da Guarda escreve: “Estamos perante um texto vivencial, onde é vertida uma experiência sacerdotal, lida e avaliada a partir da Bíblia. Não tem outras citações que não sejam citações bíblicas e do Magistério da Igreja”.

D. Manuel Felício adianta: “É um texto que sintoniza também com as preocupações da Diocese da Guarda para o ano pastoral em curso, as quais pretendem levar as pessoas até ao encontro vivo com Cristo, por meio da Bíblia. Remeto, a propósito, para o que se diz, neste texto, sob o título «Testemunhas de Cristo Ressuscitado», sobre a genuína missão da Igreja que deve sempre levar as pessoas a um encontro pessoal com Cristo vivo e, ao mesmo tempo, ajudá-las a viver, no quotidiano, em consonância com essa fé”.

Na introdução do livro, o Padre José Manuel Almeida Martins refere: “Partilho nestas páginas algumas reflexões e meditações que fiz sobre a vocação, formação e missão do sacerdote, a sua identificação com Cristo e o ser padre segundo o coração de Deus”. E acrescenta: “Parti sempre da Sagrada Escritura, tive nos meus horizontes os ensinamentos da Igreja sobre estes temas, deixei-me interpelar pela realidade que conheço e implorei sempre ao Espírito Santo que me ajudasse a captar a verdade e a expô-la com caridade. A Sagrada Escritura é a verdadeira “Constituição” da Igreja, segundo a qual esta deve reger toda a sua vida e missão. A Igreja em si, o modo como se compreende e se apresenta, como se organiza e actua, como entende o mundo e se relaciona com ele; os seus ensinamentos e as suas leis, também o que o que se refere à vida e missão do sacerdote, tudo deve estar em consonância e ser a expressão da palavra de Deus, que a Bíblia transmite”.

O Padre José Manuel Almeida Martins é natural de Gonçalo Bocas, concelho da Guarda. Fez os estudos nos seminários dos Missionários Combonianos de 1968 a 1977, e Seminário Maior da Guarda de 1977 a1981. Ordenado sacerdote a 8 de Abril de 1982, desempenhou as funções de membro da equipa formadora do Seminário Maior da Guarda – 1981-84. Fez especialização em ciências bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma 1984-87. Foi professor de Sagrada Escritura no Seminário da Guarda 1987-99, e durante dois semestres (1995 e 1996) no Seminário de Teologia de Benguela (Angola). Pároco desde 1987, viveu sempre integrado numa comunidade sacerdotal. Actualmente é pároco de Celorico da Beira e outras paróquias do mesmo Arciprestado.

Publicou já os seguintes livros:

  • “A Bíblia: Deus na História dos Homens”- 1993;
  • “A Verdade da Bíblia é Jesus Cristo” – 1997;
  • “Deus, o Pai da Misericórdia e da Alegria” -2000.
  • O livro “Quando for grande quero ser padre” é publicado pela Paulus Editora.

Fonte: Agência Ecclesia e Jornal «A Guarda»

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Correio: Carta ao Menino Jesus

Nos bons tempos, quando se falava de Natal para uma criança educada numa família católica, uma imediata associação de idéias lhe vinha à cabeça. Ela sentia a atmosfera de Natal começar já várias semanas antes da magna comemoração. Parecia que a natureza ia se tornando cada dia mais bela, o ar mais puro, os pássaros mais alegres, o sol mais brilhante, o céu à noite mais deslumbrante, as pessoas predispostas a um relacionamento mais ameno. Enfim, tudo ia gradualmente se transformando num ambiente de paz, de pureza, de doçura, de alegria serena e de uma grande expectativa: o dia da maior festa do ano –– o nascimento de Jesus –– se aproximava.

A criança encantava-se com o presépio, com a árvore de Natal, com a “estrela de Belém”, com os chumaços de algodão imitando neve, com as músicas natalinas — entre as quais destacava-se o “Noite Feliz”, tradução brasileira da famosa “Stille Nacht, heilige Nacht”. A Missa na paróquia, especialmente festiva e envolta num ar de júbilo sobrenatural, fazia evidentemente parte das comemorações e ficava profundamente gravada na memória. Em lugar não muito secundário, vinha também a expectativa da saborosa ceia de Natal, preparada com esmero pela mãe, ajudada, quando era o caso, pelas filhas mais velhas ou alguma tia solteirona.

De onde vinha o presente?

E os presentes? Aqui as associações de idéias divergiam muito de criança para criança, segundo os costumes de cada região, as origens da família, o meio social onde viviam, e outros fatores mais. Para a maioria das crianças, era o Papai Noel que os trazia; para outras, São Nicolau; para outras ainda, seria o próprio Menino Jesus.

A expectativa dos presentes era grande. Como comunicar seus desejos ao portador dos presentes? Algumas crianças eram aconselhadas a escrever uma cartinha, que o pai se encarregaria de fazer chegar ao destinatário. Mas como? Eis um segredo que não era revelado...

A solução austríaca

Na Áustria o problema do envio da carta foi resolvido de maneira muito do agrado das crianças. Numa pequenina aldeia da província “Alta Áustria” (Ober Österreich), chamada Christkindldorf (Aldeia do Menino Jesus), foi criado um posto de correio ao qual foi dado também o nome de Christkindl Postamt (Agência de Correio do Menino Jesus). As crianças hoje podem escrever ao Menino Jesus, endereçando a carta a este correio. E poderão receber resposta...

Esta história começa no fim do século XVII. Ferdinand Sertl, então regente da bandinha dos bombeiros da cidade de Steyr, sofria de epilepsia. Católico de profunda fé e piedade, tinha confiança na oração e esperava ser curado.

Para poder rezar com mais recolhimento, por volta de 1695 comprou uma imagem do Menino Jesus, de cera. Foi ao bosque de Unterhimmel (Sob o Céu), a uma certa distância da cidade, cavou um pequeno oratório em uma grande árvore, e lá colocou a imagenzinha, diante da qual rezava com freqüência para pedir sua cura. Tendo efetivamente recebido a graça pedida, espalhou-se rapidamente a notícia, e logo começaram as peregrinações e novos milagres.

Em 1699 foi construída em torno daquela árvore uma capela de madeira. Em 1702, Dom Anselmo, prior da abadia beneditina de Garsten, situada nas proximidades, tendo em vista o sempre crescente número de peregrinos, deu inicio à construção da atual igreja, que foi consagrada em 1709 (2). No altar principal pode-se ver a imagenzinha original do Menino Jesus (1), incorporada de maneira muito artística à própria árvore onde Ferdinand Sertl havia origina originalmente colocado o Divino Infante.

No alto da porta principal, uma inscrição: NOLITE PECCARE IN PUERUM (3) – Gen. 42, 22 (“Não pequeis contra o Menino”), frase que, em nossos dias, pode ter um sentido muito mais grave do que na época em que foi gravada, pois no Menino Jesus estão especialmente representadas todas as crianças inocentes, especialmente as ameaçadas pelo aborto.

Em torno do santuário foi aparecendo um pequeno casario, chamando Christkindldorf (Aldeia do Menininho Jesus). No mundo alemão, somente os austríacos têm esta forma especial de diminutivo muito carinhoso, que se forma acrescentado um “l” ou “rl” no fim da palavra “Kind” (menino ou criança); no caso, se transforma em Kindl (menininho).

“Correio do Menino Jesus”

Em 1946, depois da II Guerra Mundial, quando a Áustria estava ocupada pelos exércitos aliados, um soldado americano sugeriu ao correio austríaco que utilizasse, para fins filatélicos, imagens da pitoresca aldeia e respectiva igreja como tema de selos natalinos. As cartas enviadas daquele local recebiam o carimbo da agência Unterhimmel então existente.

A iniciativa teve tanto sucesso que, em 1950, o correio criou uma agência especial chamada Christkindl Postamt (4) (Agência de Correio do Menininho Jesus), que começou a funcionar nas dependências da casa paroquial, tendo já no primeiro ano atingido um volume de 42.000 cartas. O número de missivas, desde então, não pára de crescer. Em 2006 foram postadas cerca de dois milhões de cartas.

Essa agência de correio só funciona a partir do primeiro domingo do Advento até a festa dos Reis Magos, no dia 6 de janeiro. Ela praticamente não distribui correspondência, pois são muito poucos os moradores da região. Recebe cartas de crianças e responde àquelas que pedem resposta (5). Mas não são só as crianças que querem receber uma missiva vinda do “Correio do Menino Jesus”...

Entre os adultos isto é também muito apreciado. E por isso, durante o tempo em que este correio fica aberto, além dos ônibus de turistas, de peregrinos e dos próprios austríacos que lá vão para postar seus cartões de Natal, o correio recebe também, dos mais distantes lugares do mundo, volumes com cartas já endereçadas, e que devem ser seladas com selos relativos a Christkindl, carimbadas com um carimbo especial a cada ano, e assim expedidas. Informações a respeito podem ser obtidas em inglês em http://www.christkindl.at/english/information/information_service.php

É de adultos que provém grande parte das cartas processadas. Também os filatelistas apreciam muito os selos de Christkindl com o respectivo carimbo, pois somente lá pode-se obtê-los, e em período muito restrito. No ano passado, os auxiliares do correio responderam 7.000 cartas de crianças.

A Alemanha segue o exemplo

A idéia difundiu-se também pela Alemanha, onde sete cidades têm serviços semelhantes: Himmelstadt (Cidade Celeste), Himmelpfort (Portaria do Céu), Himmelpforten (Portarias do Céu), Himmelsthür (Porta do Céu), Engelskirchen (Igrejas dos Anjos), Nikolausdorf (Aldeia Nicolau), Sankt Nikolaus (São Nicolau). Anualmente elas enviam aproximadamente meio milhão de cartas.

Presentes, graças, confidências

Em Himmelstadt, onde a senhora Rosemarie Schotte e mais umas seis pessoas se encarregam voluntariamante dos trabalhos, no ano passado foram processadas mais de 55.000 cartas, sendo a maioria de crianças.

Especialmente para a revista Catolicismo, ela contou o seguinte: há vários tipos de cartas. Umas apenas pedem os presentes que as crianças desejam receber: uma boneca, um brinquedo qualquer, um filme que possam ver em casa, etc. Outras pedem que o Menino Jesus conceda favores espirituais ou materiais para quem as escreveu ou para os que lhe são próximos: para que os pais separados voltem a viver juntos e não briguem mais; para que o pai encontre um emprego; para que um avô seja curado de sua doença, e muitas outras coisas desse gênero. Outras ainda não pedem nada para os missivistas nem para outras pessoas, mas numa espécie de intimidade muito inocente com o Menino Jesus, apenas relatam as alegrias e sofrimentos que tiveram durante o ano.

Escreva para mim...

Como em geral as cartas vêm de crianças que ainda nem sabem escrever, a caligrafia é de alguém que escreveu por elas –– pai, mãe, avó, etc. –– e geralmente deixou que a criança autenticasse a carta com alguma coisa desenhada por ela mesma, à guisa de assinatura.

Receber uma resposta do “Correio do Menino Jesus” ou da “Cidade Celeste” é para a criança algo maravilhoso, que completa de maneira muito especial aquele ambiente que ela sente ir-se formando em torno dela, à medida que se aproxima o grande dia de Natal.

A idéia de que é o Menino Jesus ou São Nicolau –– e não o artificial Papai Noel –– quem envia os presentes, torna menos decepcionante o momento em que a criança descobre que Papai Noel não existe, pois facilmente se pode explicar que era uma maneira de dizer que foi Deus quem tornou possível aos pais atender os pedidos dos filhos. O que é verdade.

Já o Papai Noel não é um membro da corte celeste, nem sequer existe. Quando chega o momento da verdade, fica mais difícil dar uma explicação razoável, e isto pode causar uma certa decepção e desconfiança em relação aos pais.

Origem do Papai Noel

A origem histórica do Papai Noel o torna ainda menos maravilhoso. Ele provém do Santa Claus americano, criado em 1881 para o jornal “Harper's Weekly” pelo cartunista de origem alemã Thomas Nast.

Nast esteve durante toda sua vida bastante ligado a meios revolucionários anticatólicos da segunda metade do século XIX. Estudou pintura com Theodor Kaufmann, quando refugiado nos EUA devido à revolução anarquista de 1848 na Europa. Foi correspondente de guerra das tropas do revolucionário Giuseppe Garibaldi durante a unificação italiana.

Para criar o Santa Claus ele se inspirou em uma figura de sua terra natal, o Palatinado, chamada “Belzenickel” (6). Esse personagem vinha ameaçar e bater nas crianças com uma vara de marmelo, em virtude das coisas mal feitas por elas, uma espécie de anti-São Nicolau. Se a criança fosse muito ruim, ele a metia em um saco e a levava embora, assim diziam os pais.

Com o tempo o personagem foi evoluindo, até que no início dos anos 30 a Coca-Cola (7) o utilizou muito na propaganda da bebida, e o vulgarizou na forma com que hoje o conhecemos.

Seria de se desejar que, no Brasil, as famílias católicas voltassem a difundir a idéia de que é o Menino Jesus ou São Nicolau (8) quem atende os pedidos das crianças.

O bispo de Myra

São Nicolau foi bispo de Myra, na atual Turquia asiática, tendo vivido aproximadamente entre os anos 280 e 350. Herdeiro de uma grande fortuna, empregou-a em ajudar os necessitados. Desse fato nasceu com o tempo o hábito de as crianças pedirem a ele seus presentes de Natal.

Ele foi especialmente popularizado no mundo alemão, de onde provêm vários dos aspectos que caracterizam nosso Natal.

Fonte: Revista Catolicismo

quinta-feira, novembro 11, 2010

São Martinho: mais que castanhas e água-pé

A Igreja recorda a 11 de Novembro um dos santos mais célebres e venerados da Europa, a quem Bento XVI dedicou uma das suas catequeses

Tendo nascido numa família pagã na Panónia, actual Hungria, por volta de 316, foi orientado pelo pai para a carreira militar. Ainda adolescente, Martinho encontrou o Cristianismo e, superando muitas dificuldades, inscreveu-se entre os catecúmenos para se preparar para o Baptismo.

Recebeu o sacramento por volta dos vinte anos, mas teve que permanecer ainda por muito tempo no exército, onde deu testemunho do seu novo género de vida: respeitador e compreensivo para com todos, tratava o seu criado como um irmão, e evitava as diversões vulgares.

Tendo-se despedido do serviço militar, foi a Poitiers, na França, junto do santo Bispo Hilário. Por ele ordenado diácono e presbítero, escolheu a vida monástica e deu origem, com alguns discípulos, ao mais antigo mosteiro conhecido na Europa, em Ligugé.

Cerca de dez anos mais tarde, os cristãos de Tours, tendo ficado sem pastor, aclamaram-no seu bispo. Desde então Martinho dedicou-se com zelo fervoroso à evangelização no campo e à formação do clero.

Mesmo sendo-lhe atribuídos muitos milagres, São Martinho é famoso sobretudo por um acto de caridade fraterna. Quando era ainda jovem soldado, encontrou na estrada um pobre entorpecido e trémulo de frio.

Pegou no seu manto e, cortando-o em dois com a espada, deu metade àquele homem. Nessa noite apareceu-lhe Jesus em sonho, sorridente, envolvido naquele mesmo manto.

Queridos irmãos e irmãs, o gesto caritativo de São Martinho inscreve-se na mesma lógica que levou Jesus a multiplicar os pães para as multidões famintas, mas sobretudo a deixar-se a si mesmo como alimento para a humanidade na Eucaristia, sinal supremo do amor de Deus. (...) É a lógica da partilha, com a qual se expressa de modo autêntico o amor ao próximo.

Ajude-nos São Martinho a compreender que só através de um compromisso comum de partilha, é possível responder ao grande desafio do nosso tempo: isto é, de construir um mundo de paz e de justiça, no qual cada homem possa viver com dignidade.

Isto pode acontecer se prevalecer um modelo mundial de autêntica solidariedade, capaz de garantir a todos os habitantes do planeta o alimento, as curas médicas necessárias, mas também o trabalho e os recursos energéticos, assim como os bens culturais, o saber científico e tecnológico.

Bento XVI (11.11.2007)

quinta-feira, novembro 04, 2010

São Martinho de Porres - Patrono dos Mestiços católicos

Martinho de Porres, ou Martinho de Lima, (Lima, 9 de dezembro de 1579 — Lima, 3 de novembro de 1639) foi um religioso e santo peruano.

Era filho ilegítimo de João de Porras, nobre espanhol pertencente à Ordem de Alcântara e de Ana Velásquez, negra alforriada.

Ainda na infância foi reconhecido pelo pai, bem como a sua irmã Joana, tendo ambos siso levados para Guayaquil, onde ocupava um cargo na administração local. Quatro anos depois, foi o seu pai nomeado governador do Panamá, pelo que enviou o filho à mãe, em Lima (actual Peru), deixando a filha sob os cuidados de outros parentes.

Martinho de Porres tornou-se aprendiz de Mateo Pastor, que exercia o ofício de cirurgião, dentista e barbeiro. Foi ali que o jovem mestiço aprendeu os rudimentos de medicina, que depois lhe seriam tão úteis no convento.

Aos 15 anos, resolveu dedicar-se à vida religiosa, tentando entrar num convento da Ordem de São Domingos, o que não foi fácil dada a sua condição de pobre e mestiço. Foi no convento de Nossa Senhora do Rosário que Martinho quis entrar na qualidade de doado, isto é, quase escravo, aceitando servir, não como frade, mas como irmãos cooperador, o lugar mais baixo na hierarquia da Ordem. Comprometeu-se a servir toda a vida, sem nenhum vínculo com a comunidade, e com o único benefício de vestir o hábito religioso.

Após o primeiro ano de prova, recebeu o hábito de cooperador. Mas isso não agradou ao orgulhoso pai, de quem levava o sobrenome. Dom João pediu aos superiores dominicanos que recebessem Martinho, de tão ilustre estirpe pelo lado paterno, ao menos na qualidade de irmão leigo. Ora, isso era contra as constituições da época, que não permitiam receber na Ordem pessoas de cor. O Superior quis que o próprio Martinho decidisse. “Eu estou contente neste estado — respondeu ele — porque no serviço de Deus não há inferiores nem superiores, e é meu desejo imitar o mais possível a Nosso Senhor, que se fez servo por nós”. Tal atitude encerrou a questão.

Como encarregado da enfermaria do convento, auxiliava todos quantos se lhe dirigiam, fossem seus irmãos da comunidade, fosse pessoas da cidade. Além de cuidar da enfermaria, varria todo o convento, cuidava da rouparia, cortava o cabelo dos duzentos frades, e era o sineiro, dispensando ainda de seis a oito horas por dia à oração.

Quando uma epidemia atingiu Lima, no convento do Rosário sessenta religiosos ficaram enfermos e muitos estavam numa secção fechada do convento. São Martinho teria passado a portas fechadas para cuidar deles, um fenômeno que encontraria residência. Martinho levava doentes para o convento, até que o Superior provincial, alarmado com o contágio, proibiu-o de continuar a fazê-lo. A sua irmã, que morava no país, ofereceu a sua casa para alojar todos aqueles que a residência do religioso não poderia. Um dia ele encontrou na rua um pobre índio, a sangrar até a morte por uma punhalada, e levou-o ao seu próprio quarto. O Superior, quando soube tudo isto, repreendeu-o por desobediência. O Superior ficou extremamente edificado com a sua resposta: "Perdoa o meu erro, e por favor instrui-me, porque eu não sabia que o preceito da obediência se sobrepõe ao da caridade." Então o Superior deu-lhe liberdade para seguir as suas inspirações posteriormente no exercício da misericórdia.

Tinha uma horta na qual ele mesmo cultivava as plantas que utilizava para as suas medicinas. Estando doente o Bispo de La Paz, de passagem por Lima mandou que chamassem Frei Martinho para que o curasse. O simples contacto da mão com o seu peito livrou-o de grave moléstia que o levava ao túmulo. Foi um precioso amigo e colaborador de Santa Rosa de Lima e de Juan Macias, igualmente dominicanos.

Além de todas essas actividades, Martinho saía também do convento para pedir esmolas para os mais necessitados.
Martinho, com o corpo gasto pelo excesso de trabalho, jejum contínuo e penitência, faleceu aos 60 anos de idade, em 1649.

Martinho foi beatificado em 1837 pelo Papa Gregório XVI e canonizado pelo Papa João XXIII em 1962.

A sua festa litúrgica celebra-se a 3 de novembro. É o santo patrono dos mestiços católicos

sábado, outubro 02, 2010

ACREDITAR AJUDA

Um estudo realizado por científicos italianos afirma que a procura de Deus pode ajudar os estudantes.

O estudo foi publicado no passado 9 de Setembro e é concludente sobre a relação entre a religião os resultados académicos das crianças.
Intitulado Religious Practice and Educational Attainment [Práctica Religiosa e Conquistas Educativas], é uma obra de Pat Fagan, investigador do Family Research Council e director do Marriage and Religion Research Institute. Revela que um nível mais elevado de prática religiosa pode afectar positivamente a capacidade do estudante para aprender e avançar na escola.

A investigação levada a cabo, concluiu que os alunos inseridos nas actividades religiosas passam mais tempos a fazer os seus deveres, conseguem melhores resultados nos exames e até é menos provável que abandonem a escola. De facto, conclui que 19,5% dos estudantes que vão pouco à igreja abandonam os estudos, enquanto dos que vão com frequência só 9,5%.
Para explicar estes resultados, o estudo avança, entre outras, com as seguintes razões:
• A religião interioriza valores e normas que ajudam a alcançar êxitos;
• Fomenta altas expectativas pessoais, e ajuda os estudantes a evitar comportamentos sociais desviantes (drogas, álcool ou comportamentos delictivos);
• As famílias religiosas geralmente são mais coesas e estáveis, fazem planos de futuro para os seus filhos e esperam muito mais deles;
• Os adolescentes que têm prática religiosa têm mais expectativas educativas para si próprios;
• A religião ajuda os alunos a integrarem-se, o que faz com que estejam melhor orientados academicamente, e conse-quentemente o grupo anima a aplicar-se academicamente;
• A assistência religiosa potencia as qualidades sociais;
• As igrejas oferecem aos estudantes alguns recursos, uma comunidade, e orientação.
Segundo Fagan, a prática religiosa frequente também tende a aumentar o total de anos de escolarização. A vantagem para os estudantes com prática religiosa semanal, em comparação com os seus companheiros que não vão à igreja, era equivalente em geral à vantagem que proporciona uma que tenha três anos extra de educação e um pai que tenha quatro.
Além disso, a religião é uma das poucas instituições de fácil acesso para famílias com poucos recursos, o que têm uma rele-vância excepcional para os grupos sócio-económicos inferiores.
Outra descoberta foi a de que a religião tem maior impacto nos resultados educativos da juventude urbana em comparação com a não urbana. O estudo explica que é mais fácil aceder às instituições religiosas nas zonas urbanas. Para além disso, a religião pode actuar também como um elemento de controlo perante os elementos mais negativos da vizinhança urbana que tem um efeito prejudicial nos avanços educativos.
Fonte: Zenit

terça-feira, maio 25, 2010

ORAÇÃO PARA O aNO SACERDOTAL

Senhor Jesus,

Vós quisestes dar a Igreja, em São João Maria Vianney, uma imagem vivente e uma personificação da caridade pastoral.

Ajudai-nos a viver bem este Ano Sacerdotal, em sua companhia e com o seu exemplo.

Fazei que, a exemplo do Santo Cura D’Ars, possamos aprender como estar felizes e com dignidade diante do Santíssimo Sacramento, como seja simples e quotidiana a vossa Palavra que nos ensina, como seja terno o amor com o qual acolheu os pecadores arrependidos, como seja consolador o abandono confiante à vossa Santíssima Mãe Imaculada e como seja necessária a luta vigilante e fiel contra o Maligno.

Fazei, ó Senhor Jesus que, com o exemplo do Cura D’Ars, os nossos jovens possam sempre mais aprender o quanto seja necessário, humilde e glorioso, o ministério sacerdotal que quereis confiar àqueles que se abrem ao vosso chamado.

Fazei que também em nossas comunidades, tal como aconteceu em Ars, se realizem as mesmas maravilhas de graça que fazeis acontecer quando um sacerdote sabe “colocar amor na sua paróquia”.Fazei que as nossas famílias cristãs saibam descobrir na Igreja a própria casa, na qual os vossos ministros possam ser sempre encontrados, e saibam fazê-la bela como uma igreja.

Fazei que a caridade dos nossos pastores anime e acenda a caridade de todos os fiéis, de tal modo que todos os carismas, doados pelo Espírito Santo, possam ser acolhidos e valorizados.

Mas, sobretudo, ó Senhor Jesus, concedei-nos o ardor e a verdade do coração, para que possamos dirigir-nos ao vosso Pai Celeste, fazendo nossas as mesmas palavras de São João Maria Vianney:
Eu Vos amo, meu Deus, e o meu único desejo é amar-Vos até o último suspiro da minha vida.
Eu Vos amo, Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando-Vos a viver um só instante sem Vos amar.
Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de amar-Vos eternamente.
Eu Vos amo, meu Deus, e desejo o céu para ter a felicidade de Vos amar perfeitamente.
Eu Vos amo, meu Deus infinitamente bom, e temo o inferno porque lá não haverá nunca a consolação de Vos amar.
Meu Deus, se a minha língua não Vos pode dizer a todo o momento que Vos amo, quero que o meu coração Vo-lo repita cada vez que respiro.
Meu Deus, concedei-me a graça de sofrer amando-Vos e de Vos amar sofrendo.
Eu Vos amo, meu divino Salvador, porque fostes crucificado por mim e porque me tendes aqui em baixo crucificado por Vós.
Meu Deus, concedei-me a graça de morrer amando-Vos e de saber que Vos amo.
Meu Deus, à medida que me aproximo do meu fim, concedei-me a graça de aumentar e aperfeiçoar o meu amor.
Amém.
S. João Maria Vianney

segunda-feira, abril 26, 2010

“Trovadores de Deus” representam a Guarda em Fátima

“Firmes no Amor”, do Grupo “Trovadores de Deus”, de Celorico da Beira, foi a canção vencedora do Festival Diocesano Jovem da Canção que decorreu na tarde de 17 de Abril, no Salão da Junta de Freguesia do Sabugal. A iniciativa fez parte do programa do Dia Diocesano da Juventude, que congregou centenas de Jovens na cidade raiana. A canção vencedora arrecadou também o Prémio “Melhor Música”.
Em segundo lugar ficou a canção “Hino à Fé”, do Grupo da Associação Cultural e Recreativa Fernão Joanes, que também foi distinguida com o Prémio “Melhor Interpretação”.
O terceiro lugar foi para a canção “Raízes”, interpretada pelo grupo “+ Jovem”, que congregava elementos de Paços, Eirô e S. Marinha. Esta canção foi distinguida com o Prémio “Melhor Letra”.
Com esta vitória, o Grupo “Trovadores de Deus” vai representar a diocese da Guarda no Festival Nacional da Canção da Mensagem 2010, a realizar em Fátima, no dia 1 de Maio.
Das nove canções a concurso houve uma desistência de última hora devido a problemas de saúde com um dos elementos do grupo.
No rescaldo do Festival, o Padre Jorge Castela, Responsável pelo Departamento da Pastoral Juvenil da Diocese da Guarda, disse, ao Jornal A Guarda, estar “muito satisfeito com a qualidade dos participantes, pois apresentaram diversos estilos musicais”. E acrescentou: “houve uma qualidade muito acrescida, este ano”.
A segunda parte do festival esteve a cargo do grupo de música de inspiração católica, a banda JM (Jovens em Movimento), banda revelação da terceira edição do festival JOTA. Este Grupo venceu também o Festival Nacional da Canção de Mensagem, em 2006, e tem dado concertos pelo país. Foi o vencedor do festival diocesano da sua diocese de origem, e estão apurados para representar a diocese de Aveiro no Festival Nacional da canção da Mensagem 2010.

segunda-feira, abril 05, 2010

Feliz Páscoa para todos

Porque procurais entre os mortos Aquele que está vivo?

Ao romper da manhã de Páscoa, dois homens, de vestes resplandecentes, tecidas com fios de luz e de vida, oferecem a meia dúzia de mulheres, perplexas e amedrontadas, a palavra última de Deus, sobre a cruz e a morte de Jesus: Não está aqui! Ressuscitou! Esta é a palavra-chave, que lhes abre os olhos, para o sentido oculto de uma presença nova, que irrompe do sepulcro vazio!

  • Não está aqui! Ressuscitou! Ressuscitado, Jesus não é mais um corpo morto! É um corpo glorificado!
  • Não está aqui! Ressuscitou! Ressuscitado, Jesus não está mais sujeito à lei da morte. Venceu-a no seu próprio campo!
  • Não está aqui! Ressuscitou! Ressuscitado, Jesus não é um sobrevivente do grande terramoto. É o princípio de uma nova criação!
  • Não está aqui! Ressuscitou! Ressuscitado, Jesus não é um cadáver reanimado! É o Filho de Deus, exaltado, na glória do Pai.
  • Não está aqui! Ressuscitou! Ressuscitado, Jesus não dá um passo atrás, mas um passo à frente. Não recupera a vida perdida. Conquista a vida nova. A sua existência não é uma vida consumida inutilmente e perdida na poeira do passado, mas uma vida inteira e consumada, realizada e finalizada na plenitude do amor de Deus!
  • Não está aqui! Ressuscitou! Ressuscitado, Jesus não é alguém que «volta a estar vivo». É simplesmente o Vivente! Aquele que já não pode mais morrer! Aquele que está vivo e vive para sempre!

Não está aqui! Ressuscitou! Numa palavra, aqueles mensageiros quiseram dizer: Jesus não está mais a um palmo de terra das vossas mãos! Ele Vai sempre adiante de vós, para a Galileia! Não O podeis jamais tocar, nem deter neste mundo (cf. Jo.20,17). Só O podeis alcançar, seguindo-O e subindo com Ele, para o Pai! Vós, mulheres, que viestes com Jesus da Galileia, tereis de partir, de novo, para O ver (cf. Mc 16, 6). E encontrá-lo-eis, no caminho, em missão! Nós sabemos que, doravante, Jesus está vivo, e que a sua vida se assinala no mundo de hoje pela vida dos cristãos, de cada um de nós, precisamente. E há muitas situações, à nossa volta, que esperam ainda uma tal madrugada pascal, que irrompa em alegria, novidade e esperança e paz, na certeza de que o Ressuscitado está vivo e vive connosco, para sempre!

A Ressurreição é vida nova em exaltação, é vida plena, em abundância, é vida eterna, em exultação! Celebremos por isso a nossa Páscoa, com Vida!

  • Uma Páscoa com Vida é uma Páscoa celebrada, à mesa da Eucaristia, com “os pães ázimos da pureza e da verdade” (I Cor.5,9)! E que, por isso mesmo, é uma Páscoa que nos convida a voltar a Jerusalém, a ir ao encontro dos outros discípulos, a regressar à comunhão com a Igreja confiada por Cristo aos apóstolos, testemunhas da sua Ressurreição!
  • Uma Páscoa com Vida, é uma Páscoa anunciada a todos, com a alegria de quem sabe ter a sua vida escondida, com Cristo, em Deus (Col.3,3), sem que ninguém mais a possa arrebatar! Por isso mesmo é uma Páscoa que nos convida a uma alegria partilhada!
  • Uma Páscoa, com vida, é uma Páscoa aberta à esperança e à confiança na vida! A vitória de Cristo não aconteceu fora da vida que nos atinge, entre alegrias e dores, esperanças e quase desesperos. Bem pelo contrário, foi bem dentro da nossa condição, que Cristo assumiu até ao fim, que a morte foi repassada pela sua caridade infinda, que a venceu e ofereceu. De modo que uma Páscoa com Vida, convida-nos a viver em esperança! Pese embora as dificuldades económicas e sociais do país, com estatísticas e previsões tão negativas, a Páscoa faz-nos crer e esperar que Deus sempre irrompe no meio das crises, com sinais de novidade e com a surpresa do seu próprio mistério de amor! Cristo não ressuscitou para desaparecer, mas convida-nos a intensificar a sua presença entre nós e a animar a nossa esperança numa vida nova, no futuro do seu Reino.
  • Uma Páscoa com vida é uma Páscoa intensamente vivida, em gestos largos de novidade, de criatividade, de ousadia! Sendo por isso mesmo, uma Páscoa que nos convida a ir e a partir em missão. Porque a Ressurreição é vida em movimento, é envio permanente. O encontro com Jesus Ressuscitado abre, espontaneamente, às mulheres, aos discípulos, aos apóstolos, o caminho da missão.

domingo, março 14, 2010

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Jornal A Guarda: O Pe. Martins conta a sua experiência

A minha primeira experiência pastoral foi no Seminário Maior da Guarda. Concluído o curso de teologia (1981), ainda como diácono, fui nomeado membro da equipa formadora do Seminário. Mais um grande e não fácil desafio para mim. Por um lado, eu tinha sido colega dos alunos e, por outro, passei a ser colega dos meus superiores! Além disso, naqueles tempos, ainda havia uma grande relutância em deixar entrar no Seminário os ventos novos do Concílio. Vivi aqueles três anos com muita intensidade e entusiasmo, com muito sofrimento e esperança.
Quando regressei de Roma (1987), foram-me confiadas as paróquias do Alvendre, Avelãs de Ambom e Rocamondo. Foram as minhas primeiras paróquias e, por conseguinte, os meus primeiros amores! Conservo boas recordações das pessoas: a sua amizade, generosidade e apreço que tinham por mim. Ao deixá-las (1993), prometi-lhes que rezaria por elas, sempre que passasse na estrada (IP5/A25), promessa que tenho cumprido fielmente. E muitas têm sido as vezes que passo por lá, pela estrada, porque às terras poucas vezes lá voltei! Durante estes seis anos de vida paroquial integrei a comunidade sacerdotal sediada em São Miguel da Guarda, da qual fazia parte o Senhor Padre Moiteiro e pela qual passaram alguns estagiários.
Desde 1993, encontro-me em Celorico da Beira, tendo já paroquiado muitas das paróquias deste Arciprestado. Nesta vinda para Celorico da Beira vejo também um sinal de Deus. O Senhor D. João de Oliveira Matos foi pároco de Santa Maria (1912-14) e a minha vida sacerdotal está muito ligada a ele. Não foi certamente obra do acaso que, no dia do centenário do seu nascimento (1 de Março de 1979), eu tenha recebido o ministério de Leitor! Menos obra do acaso se afigura se tivermos presente que, depois de um longo e penoso interregno, as instituições desse dia anunciavam as primeiras ordenações sacerdotais.
Agradeço, pois, a Deus este dom de ser pároco de Celorico e as graças que me tem concedido por intercessão do Senhor D. João.
Aqui tenho vivido sempre numa comunidade sacerdotal que, no presente, conta com o Padre António Freire e o Padre Carlos Helena. Também este é um dom pelo qual me sinto agradecido ao Senhor e àqueles que têm a coragem e a persistência de aceitarem viver comigo!
Deixo aos meus paroquianos que façam o balanço e a avaliação, uma vez que ninguém é bom juiz em causa própria. No entanto, deixo algumas considerações.
Ser pároco é a situação normal e ideal de ser padre diocesano, podemos mesmo dizer que é a sua razão de ser padre. É como pároco que o padre melhor pode realizar a tríplice missão de profeta, sacerdote e pastor. Mas ser pároco não é uma tarefa fácil, sobretudo nos nossos dias. Cada sacerdote, sobretudo no mundo rural, tem cada vez mais comunidades cristãs ao seu encargo. Por sua vez, as paróquias têm cada vez menos habitantes e cristãos praticantes. Esta situação - muitas paróquias e poucos cristãos - pode gerar dispersão, cansaço e desânimo.
Isto exige, antes de mais, que o sacerdote assuma e se limite ao que é específico da sua missão. Concomitantemente, é necessário atribuir aos leigos e que estes assumam o que, por sua vez, é específico da sua missão laical. O sacerdote deve dedicar o seu tempo, os seus dons, as suas energias e o seu coração ao que é realmente mais importante e que outros não podem fazer.
Depois, há que vencer a tentação de ter ainda um cristianismo de multidões. A Igreja será cada vez mais constituída por pequenas comunidades. Só pequenas comunidades poderão ser verdadeiro fermento no mundo dos homens, segundo a previsão e a vontade de Jesus (Mt 13,33). O anúncio do Evangelho e os valores do reino de Deus são para todos os homens e, por isso mesmo, devem ser proclamados e propostos a todos. Porém, aquilo a que chamamos a prática religiosa (que inclui a participação regular na liturgia) é apenas para alguns. Estes, que se sentem chamados a uma vida de maior intimidade com Deus e a seguir mais de perto a Cristo, devem ser o motor da construção do reino de Deus no mundo dos homens.
Desde a minha perspectiva e a partir da minha experiência de quase vinte e três anos, a vida e a missão do pároco, e de qualquer padre em geral, são facilitadas com a vida comunitária. As comunidades sacerdotais, se funcionam minimamente, constituem um apoio precioso a nível humano, espiritual, pastoral e até económico. Partilhando dificuldades, preocupações e problemas é mais fácil enfrentá-los e resolvê-los. Além disso, com menos trabalho consegue-se fazer mais, e com menos bens consegue-se viver melhor.

A vida comunitária do clero, vivamente recomendada pelos documentos da Igreja, se bem que pouco promovida por ela e pouco apreciada pela maioria dos padres diocesanos, constitui um bom testemunho para os fiéis. Podemos dizer que é uma pregação viva que não fere os ouvidos mas toca o coração. Ela é, em si mesma, uma verdadeira acção pastoral, mais evangélica e mais eficaz, embora não dê tanto nas vistas, do que muitas outras.
Fonte: Jornal A Guarda

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

sábado, fevereiro 13, 2010

Marcelo Teramia ex-toxicodependente conta a sua história

Marcelo Teramia, ex-toxicodependente conta a sua história de vida e a sua recuperação na Fazenda da Esperança na Igreja da Lageosa do Mondego

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Renúncia Quaresmal a favor da Fazenda da Esperança

Veja a noticia que a televisão não quis dar...


A verdadeira justiça, completada pela caridade, leva-nos, de acordo com o espírito da Quaresma, a percorrer os caminhos da solidariedade e de partilha fraterna, mesmo que isso signifique renúncia a bens materiais; supérfluos ou mesmo não supérfluos.

Este ano vamos orientar o resultado da nossa renúncia quaresmal para ajuda material solidária a um projecto chamado “Fazenda da Esperança” que está a ser desenvolvido na nossa Diocese, na Paróquia de Maçal do Chão, arciprestado de Celorico da Beira. É um serviço já muito experimentado no Brasil, onde mereceu uma Visita do actual Papa Bento XVI e que se destina ao acolhimento e recuperação de pessoas atingidas por várias espécies de falta de esperança, incluindo situações de marginalidade.

Está em causa ajudar os mais pobres dos pobres também neste ano europeu de luta contra a pobreza e exclusão social.

+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Jornadas de Formação juntam Padres da Diocese

Estão a decorrer, no Seminário da Guarda, as Jornadas de Formação do Clero da Diocese da Guarda. “A dimensão evangelizadora e missionária do Ministério Ordenado” é o tema da iniciativa que arrancou ontem e termina esta tarde.
Sobre as Jornadas, D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, refere em carta enviada, aos padres e diáconos da Diocese: “As jornadas de Formação do Clero, acontecendo em Ano Sacerdotal, desejamos que elas sejam um contributo valioso para juntos redescobrirmos a importância do dom que recebemos na nossa ordenação”. E acrescenta: “Queremos que sejam dois dias essencialmente de encontro entre nós, na reflexão e na oração, para mutuamente nos ajudarmos a redescobrir os caminhos novos que este dom recebido nos manda percorrer”.
O primeiro dia foi dedicado à dimensão evangelizadora e missionária do Ministério Ordenado. Os trabalhos foram orientados pelo Padre António Gomes Dias, Provincial dos Redentoristas.
O segundo dia tem como ponto de partida o Simpósio Nacional do Clero, nomeadamente as propostas feitas pelo Beneditino alemão, Padre Anselm Grün. Este tema é apresentado pelo Padre José Brito, da diocese da Guarda.
Para esta tarde está anunciada a primeira apresentação de dados já existentes sobre a Assembleia Geral do Clero, que deverá ter lugar durante o Ano Sacerdotal.
Fonte: Jornal A Guarda

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Pe. Christian Hiem irá apresentar a Fazenda da Esperança aos sacerdotes da Diocese da Guarda

Aos Reverendos Padres e Diáconos

Estimados amigos:

Os meus cumprimentos.

Para nos ajudar na recolecção do início da Quaresma – dias 22 (Seminário do Fundão) e 23 (Seminário da Guarda) virá o sacerdote alemão de cultura brasileira, Padre Christian Heim, responsável pela Comunidade “Fazenda da Esperança”, que , em colaboração com o Pároco de Maçal do Chão (Celorico da Beira), está a promover a criação de uma “Fazenda da Esperança” naquela Paróquia da nossa Diocese.
Muito agradeço, desde já, que estes dias fiquem cativos para estas duas finalidades.

Guarda, 19 de Janeiro de 2010
+Manuel R. Felício, B. da Guarda

domingo, janeiro 17, 2010

"Ele os criou homem e mulher (macho e fêmea)"...

Jesus também foi convidado para o casamento. E, neste casamento, Jesus realiza o seu primeiro milagre, ou seja, manifesta pela primeira vez a sua glória, o seu poder divino. Este facto exprime bem a importância e a primazia do casamento aos olhos de Deus.
O casamento entre um homem e uma mulher e a família que com ele nasce correspondem a um projecto de Deus – o projecto que melhor garante a realização e a felicidade da pessoa humana bem como o futuro do mundo e da história.
Na primeira página da Bíblia, lemos: “Deus criou o ser humano à sua imagem; Ele os criou homem e mulher (macho e fêmea)”. Esta diferença que os atrai e complementa torna-os capazes de crescerem e se multiplicarem, encherem e dominarem a terra.
Num outro relato, também do livro do Génesis, é-nos dito que, pouco após ter criado o homem, Deus intuiu e desabafou: “Não é conveniente que o homem esteja só”. Sozinho, o homem sente-se inacabado, insatisfeito e infeliz. Para vencer a solidão do homem, para o homem se tornar completo, Deus cria e apresenta-lhe a mulher. E é tal o fascínio que a mulher exerce no homem que este se dispõe a deixar tudo, até o pai e mãe, para se unir a ela e com ela constituir uma comunidade de amor e de vida!

O casamento e a família são anteriores aos estados e às religiões. Em todas as sociedades e desde sempre, o casamento foi entendido como um projecto de vida comum assumido por um homem e uma mulher. De resto, a própria anatomia ou morfologia corporal apontam, de um modo inequívoco, nesse sentido.
Nos nossos tempos, alguns pretensos iluminados defendem o casamento homossexual em nome da liberdade e da igualdade. Esses iluminados parecem não saber ou gostariam que nós não soubéssemos que, antes de mais, há limites à verdadeira liberdade.
Quando me encontro numa encruzilhada de caminhos, eu sou livre de escolher aquele pelo qual quero seguir. Esta escolha, que constitui um exercício da minha liberdade, implica que eu aceite as características e os condicionalismos próprios desse caminho. Além disso, escolhendo aquele caminho, renuncio a seguir pelos outros, pois não posso pretender, em nome de uma mal entendida liberdade, seguir por todos ao mesmo tempo.
O mesmo vale em relação às opções de vida que fazemos ou decisões que tomamos. A liberdade que nos permite optar ou decidir neste ou naquele sentido leva-nos a renunciar às outras alternativas. Não se pode invocar a liberdade para reclamar uma coisa e, ao mesmo tempo, o seu contrário.
Por sua vez, a verdadeira igualdade só existe quando se respeitam e salvaguardam as diferenças. Não se pode falar de igualdade, quando se pretende tratar como igual aquilo que é realmente diferente. Caso contrário, nem se respeita a igualdade do que é igual nem a igualdade do que é diferente.
Assim, quem escolhe, no uso da sua liberdade, viver com uma pessoa do mesmo sexo, não pode pretender que a sua opção de vida seja considerada igual à daquele que escolhe viver com uma pessoa de sexo diferente. Ele pode reivindicar o direito a viver desse modo. E pode ter o direito a que seja respeitada a sua opção. O que ele não pode exigir é que a isso se chame casamento. Ao seguir por aquele caminho, que ele considera o melhor e o mais adequado para si, excluiu o outro caminho, o do casamento.
Insistir no casamento para os homossexuais, argumentando que se trata de um direito e de uma questão de igualdade, seria como alguém que inventa um novo pastel e querer registá-lo com o nome de um que já existe antes (por exemplo, pastel de Belém), argumentando que alguns dos seus ingredientes são os mesmos, mas esquecendo que outros elementos são manifestamente diferentes! O novo pastel pode até ser muito bom e ter muitos apreciadores. No entanto, deve ser registado com outro nome, em nome da liberdade, da igualdade e dos direitos dos outros! Algo de semelhante deve acontecer com as uniões homossexuais. Só assim se respeitará verdadeiramente, a liberdade, a igualdade e os direitos de todos – dos homossexuais e dos heterossexuais.

Quando se pretende contradizer a lógica do criador, quando se “atenta contra o fundamento biológico da diferença entre os sexos” (Bento XVI), todas as barbaridades são possíveis e, para aqueles a quem convêm, todas se afiguram como um direito e um sinal de modernidade. Trata-se, porém, de uma modernidade que afectará e comprometerá gravemente o futuro da sociedade.
Aqueles que mandam legislam contra o casamento e a família porque, muitos deles, não foram capazes de manter um casamento e uma família estáveis. Aprovando e facilitando o divórcio dão cobertura legal aos seus fracassos, para que passem a ser considerados como coisas normais e boas! Ou então legislam contra o casamento e a família para agradarem a certos grupos de pressão dos quais recebem, como contrapartida, votos e apoio político.
Nestes homens iluminados - mais arrogantes do que iluminados - a modernidade está bem casada com a falta de coerência e de honestidade!
Quem manda, se investisse mais no apoio à família e defendesse os valores que lhe são inerentes, não precisaria de investir tanto para tentar resolver os problemas sociais gerados pela crise da família (insucesso escolar, distúrbios psicológicos, toxicodependência, violência e criminalidade). Os senhores iluminados, se fosse tão iluminados como querem fazer crer, já teriam dado conta disso. Mas eles não querem dar-se conta, até porque lhes faltaria a humildade para o reconhecerem!

Jesus também foi convidado para o casamento.

  • Hoje, quem é que realmente convida e quer Jesus no seu casamento?
  • Mesmo aqueles que vão à Igreja no dia do seu casamento, quantos vão para se encontrarem efectivamente com Jesus e para o levarem de volta para as suas casas e para as suas vidas?
  • Mesmo entre os cristãos ditos praticantes, quantos estão dispostos a viver o seu casamento e a construir a sua família, seguindo o conselho de Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser?”
  • Quantos dão a Jesus a oportunidade de realizar milagres em suas casas, ou seja, de os iluminar com a sua palavra e os enriquecer com graças divinas?
  • Quem alimenta e fortalece o amor conjugal com o Vinho bom da Eucaristia?

Não esqueçamos: o nosso melhor bem é a família e esta é o melhor dom que temos para oferecer à sociedade! Ámen.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Seminário: Acção de sensibilização vocacional



Hoje toda a família do Seminário esteve no Arciprestado de Celorico da Beira. Celebrámos missa nas Paróquias de S. Pedro e S. Maria em Celorico da Beira e ainda nas Paróquias de Fornotelheiro e Lageosa do Mondego.


Durante todo o dia fomos acompanhados pela beleza da neve...
Quando chegámos ao Seminário encontrámos a nossa casa assim bela como as seguintes fotografias documentam. Fui um dia de sementeira vocacional e muita diversão.

Ao longo da presente semana temos visitado o Arciprestado de Celorico da Beira. Estivemos ontem na catequese com cerca de 50 crianças e adolescentes e voltaremos amanhã para estarmos junto dos grupos mais avançados na catequese. Estaremos depois à noite com as catequistas e agentes pastorais no Centro Pastoral D.João de Oliveira Matos. No próximo domingo estaremos em quatro celebrações eucarísticas distintas neste mesmo Arciprestado.

Fonte: http://www.seminariodofundao.blogspot.com/