A esmola representa um modo concreto de ir ao encontro de quem está em necessidade e, ao mesmo tempo, ajuda o homem a libertar-se do apego aos bens terrenos.
“Nós não somos proprietários mas somente administradores dos bens que possuímos”. Na verdade foi Deus que criou a terra e criou-a para todos os homens, dotando-a dos bens necessários aos homens de todos os tempos. Por isso mesmo, ninguém se pode apropriar desses bens e usá-los exclusivamente ao seu serviço, muito menos ao serviço do seu egoísmo. Quem acredita em Deus, no Deus que é Pai de todos os homens, não pode deixar de partilhar o que tem com os irmãos (os filhos de Deus) necessitados. O amor traduzido em gestos concretos de caridade, é única prova credível da autenticidade da fé em Deus.
A esmola, para ser uma verdadeira prática cristã, não é compatível com a publicidade. Aqueles que dão para dar nas vistas – e são muitos os que gostam e pretendem pôr-se em evidência a si próprios, não dão por amor de quem precisa nem para maior glória de Deus. Essa partilha não é caridade nem será objecto da recompensa de Deus. Tudo isto é o que Jesus ensina, quando afirma: “não saiba a tua mão esquerda o faz a tua direita”. Devemos ter presente e acreditar que Deus “vê no segredo” e que retribui largamente a quem dá com amor. São Pedro ensina que entre os frutos espirituais da esmola está o perdão dos pecados (1Pe 4,8).
A esmola, para ser uma obra de misericórdia, dever ser acompanhada pela oferta de nós mesmos. Os irmãos necessitados não precisam apenas do que nós temos, mas precisam também do que nós somos, precisam do nosso amor e do nosso afecto, do nosso respeito e da nossa atenção, das nossas palavras e do nosso silêncio. Só assim a esmola, para além de obviar às suas carências de ordem material, ajudará o homem a reencontrar a sua dignidade e o sentido da vida.
Além disso, a nossa partilha constituirá um testemunho da nossa fé, o anúncio de Cristo. Através da esmola, damos a Deus a oportunidade de manifestar o seu amor providente, damos a Cristo a oportunidade de se mostrar próximo daquela pessoa com a qual se identifica. E nós, naquele gesto de amor, amamos o próprio Senhor.
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